Terapia da Fala

 

Comunicação

Esta avaliação contempla a análise da pessoa nos seus diferentes contextos, relativamente à sua comunicação, interação social e linguagem. Nesta avaliação todas as interações e comportamentos sociais e comunicativos presentes na criança são analisados, quer a nível verbal como não verbal, nomeadamente, comportamentos pré-linguísticos e comportamentos não-verbais.

É através da comunicação que a criança se integra na comunidade, interagindo com todos os membros dela, sendo de extrema importância atentar a todos os contextos uma vez que estes contribuem para o desenvolvimento da comunicação infantil e competências linguísticas. Por esse motivo, os cuidadores e educadores são parte integrante desta avaliação analisando o modo como a criança comunica, reage e interage perante diversas situações, necessidades, contextos e pessoas.

Para além do anterior, esta avaliação auxiliará na determinação do tipo de estratégias e ajudas a utilizar (ex. uso de símbolos) para o desenvolvimento da comunicação.

 

Linguagem Oral

Esta tem como objetivo avaliar todos os domínios da linguagem (fonologia, semântica, morfologia, sintaxe e pragmática), na vertente expressiva e compreensiva.

A fonologia refere-se aos sons que constituem a fala. A semântica relaciona-se com significado das palavras, enquanto a morfologia se refere à estrutura interna das mesmas. Já a sintaxe foca-se no modo como as palavras são dispostas para constituir uma frase gramatical. A pragmática refere-se ao uso da linguagem na interação com os outros e com os diferentes contextos sociais (ex. regras de conversação). 

Linguagem Escrita

Avalia os diferentes domínios linguísticos (fonologia, sintaxe, morfologia, semântica e pragmática) quer ao nível da escrita como na leitura.

Nesta avaliação o maior foco recai sobre a área da fonologia, considerando os diversos estudos na área que apontam este como o domínio da linguagem com maior interferência na aquisição da leitura e da escrita. Ademais, estudos indicam que a dislexia tem como base dificuldades acentuadas ao nível do processamento fonológico. 

Nesta avaliação de forma a obter uma visão holística das dificuldades da criança em idade escolar é necessária uma avaliação multidisciplinar incluindo, para além da terapia da fala, a psicologia, otorrinolaringologia, entre outros. 

Esta avaliação contempla a análise dos pré-requisitos linguísticos para a aquisição da leitura e escrita que pode ser realizada ainda a nível do ensino pré-escolar. 

 Motricidade Orofacial/Alimentação

Esta visa avaliar as condições anatómicas e funcionais do sistema estomatognático (sucção, mastigação, deglutição, respiração e fala) assim como a postura global. Sendo possível traçar um plano individual e específico para cada utente e realizar os encaminhamentos necessários. Esta avaliação inicia-se com uma anamnese com questões específicas relacionadas com o período pré, peri e pós-natal, desenvolvimento da alimentação, desenvolvimento psicomotor, hábitos orais e de sono e a história clínica.

As dificuldades ao nível da motricidade orofacial, aparecem, geralmente, associadas a presença de maus hábitos orais, alterações na arcada e oclusão dentária, alterações no crescimento da face, alterações respiratórias, malformações congénitas, entre outras. 

Esta avaliação faz parte integrante da avaliação da alimentação/recusa e seletividade alimentar, realizada em equipa multidisciplinar.

 

Processamento Auditivo Central

O processamento auditivo central é “aquilo que fazemos com o que ouvimos”, ou seja, diz respeito ao percurso do som desde que entra no ouvido (canal auditivo externo) até ao momento em que chega ao cérebro (córtex auditivo), onde é processado.

Este caminho envolve uma série de processos e mecanismos auditivos fulcrais para que consigamos processar os sons de forma correta e, assim, dar sentido ao que ouvimos. Assim, uma pessoa com PPAC, embora não apresente dificuldades na perceção auditiva (captação do som pelo ouvido), ouve de forma desorganizada.

Este caminho envolve uma série de processos e mecanismos auditivos fulcrais para que consigamos processar os sons de forma correta e, assim, dar sentido ao que ouvimos. Assim, uma pessoa com PPAC, embora não apresente dificuldades na perceção auditiva (captação do som pelo ouvido), ouve de forma desorganizada. Tal, deve-se ao facto de apresentar alterações nas vias que conduzem o som até ao cérebro. Neste sentido, se se tiver em consideração que a função do cérebro é dar sentido aos sons recebidos pelo ouvido, se ele receber uma mensagem auditiva imprecisa, tornar-se-á incapaz de a interpretar e, portanto, de responder de forma adequada.

 Desta forma, a intervenção no processamento auditivo central, foca-se na realização de treino auditivo, realizado de forma lúdica, de forma a estimular as competências onde a criança apresenta dificuldade.

As consequências das dificuldades de processamento auditivo central podem ser muito variadas, nomeadamente, alterações de linguagem oral e/ou escrita, dificuldades em manter a atenção para a escuta, entre outras. Desta forma, as perturbações do processamento auditivo podem coexistir com outras alterações tais como dislexia, hiperatividade, perturbações fonológicas, défices de consciência fonológica, alterações vocais, entre outras.

A avaliação desta área bem como a obtenção do diagnóstico de Perturbação do Processamento Auditivo Central, deverá ser realizada pelo médico otorrinolaringologista. Para tal, primeiramente são realizados exames auditivos que têm como objetivo aferir as condições anatomofisiológicas do aparelho auditivo, bem como a chegada ou não, do sinal acústico ao sistema nervoso central. Após realização destes exames e confirmação de limiares dentro da normalidade, prossegue-se com a avaliação específica ao nível do processamento auditivo central, uma vez que este diagnóstico só será validado com resultados dentro da normalidade nos exames auditivos tradicionais.