Terapia Ocupacional

Avaliação

Desempenho Ocupacional
O Terapeuta Ocupacional realiza uma avaliação do Desempenho Ocupacional de cada pessoa. As ocupações consistem no conjunto de atividades que a pessoa realiza e que dão significado à sua vida. Estas atividades podem ter diferentes objetivos, entre os quais, cuidar de si própria, conhecidas como as Atividades da Vida Diária (AVDs), tais como, tomar banho, controlo de esfíncteres, vestir, alimentar, etc; Descanso e Sono, nomeadamente, preparação para o dormir e participação no dormir, etc; Educação, tais como, participação da educação formal e informal, etc; Brincar, nomeadamente brincar exploratório e participação no brincar; e Participação Social, com os colegas e amigos, família e comunidade. Sendo estas as principais áreas de ocupação durante a infância.

Assumindo o Brincar a principal ocupação na infância, para o Terapeuta Ocupacional, o Brincar é visto como uma ocupação em si mesma, que dá significado à vida da criança e que é visto também como um objetivo a ser alcançado, como um fim em si, sendo a grande preocupação a atitude para brincar, uma vez que o Brincar é caracterizado como uma atividade prazerosa, de curiosidade, humor, espontaneidade, motivação, iniciativa e desafios.

Integração Sensorial

A Teoria de Integração Sensorial foi desenvolvida pelo Terapeuta Ocupacional Jean Ayres que definiu a Integração Sensorial como um processo neurológico que organiza as informações recebidas pelo nosso corpo através dos sentidos, na relação com o ambiente envolvente e que torna possível uma resposta adaptativa, ou seja, um (re)ação ou comportamento adequado ao estímulo recebido.

A Integração Sensorial é a base para um desenvolvimento e aprendizagem adequados.

Uma Disfunção do Processamento Sensorial surge quando existe uma dificuldade do sistema nervoso central em regular, processar e/ou interpretar a informação de um ou mais sistemas sensoriais (visão, audição, olfato, paladar, tato, vestibular e propriocetivo).

 

Seletividade Alimentar

Comer e alimentar-se são duas Atividades da Vida Diária absolutamente essenciais. Comer permite que a criança se desenvolva, aprenda e estabeleça relações com outras pessoas. A alimentação está relacionada com o desenvolvimento físico, cognitivo, social e educacional e com um grande impacto nas competências sociais e de comunicação.

A seletividade alimentar caracteriza-se pela ingestão de uma variedade limitada de alimentos e a recusa da maioria de alimentos/nutrientes.

A análise global do neurodesenvolvimento, bem como, a avaliação do processamento sensorial da criança com problemas de alimentação integra parte da avaliação do Terapeuta Ocupacional. Sendo que, existe uma forte correlação entre a reatividade sensorial e a seletividade alimentar. 

Para poder avaliar adequadamente a criança que apresenta dificuldades com a alimentação é necessária uma abordagem multidisciplinar que inclua a avaliação de todos os componentes do processo de alimentação. Essa equipa multidisciplinar pode incluir o Terapeuta Ocupacional, Terapeuta da Fala, Nutricionista, Dentista, Pediatra, Gastroenterologista Pediátrico, Alergologista, entre outros.

Intervenção

Neurodesenvolvimento

O principal objetivo da Terapia Ocupacional em Pediatria é promover que as crianças alcancem a sua autonomia e independência e que possam utilizar ao máximo as suas potencialidades.

O Terapeuta Ocupacional compreende e analisa quais são os fatores que estão a limitar o desempenho nas diferentes atividades e constrói um plano de intervenção adequado, individualizado e personalizado, incluindo a família e a criança como membros da equipa e com um papel ativo no processo de (re)habilitação.

A Terapia Ocupacional em Pediatria utiliza o jogar e brincar como objetivo terapêutico. A intervenção tem como objetivo promover a participação ativa, autonomia e independência nas atividades importantes para o seu desenvolvimento, nomeadamente, nas Atividades da Vida Diária (AVDs), no Brincar, na Educação e na Participação Social.

Para isso, o Terapeuta Ocupacional pode utilizar produtos de apoio, intervir no ambiente familiar e social, aconselhando e fornecendo estratégias aos familiares ou principais cuidadores, educadores, professores, criando oportunidades de envolvimento e participação, adaptando o espaço às necessidades de cada criança  e/ou eliminando barreiras arquitetónicas, de modo a favorecer a aquisição de novas competências.

 

 Integração Sensorial

Na intervenção em Integração Sensorial, o Terapeuta Ocupacional promove a participação ativa da criança, de modo a que o seu cérebro organize e integre as sensações do próprio corpo e que o ambiente lhe proporciona, e assim consiga dar uma resposta adaptativa.

A Integração Sensorial é uma abordagem da Terapia Ocupacional, na qual se pretende que o sistema nervoso central da criança melhore a capacidade para modular, organizar e integrar as informações do meio. Sendo que, para isso, são dadas oportunidades para planear ações, respondendo a desafios adequados que vão surgindo, permitindo respostas adaptativas cada vez mais complexas, através do brincar.

Na intervenção em Integração Sensorial a criança é envolvida em atividades atividades significativas, ricas em estímulos sensoriais (visuais, táteis, auditivos, olfativos, gustativos, propriocetivos e vestibulares), planeadas de acordo o perfil de processamento sensorial de cada criança, que orientam, ensinam e promovem uma boa integração da informação recebida através dos sentidos.

 Integração Sensorial na Alimentação

Está provada a relação entre os problemas de processamento sensorial e as dificuldades no desempenho das Atividades da Vida Diária (AVDs), nomeadamente, na Alimentação. Uma Perturbação do Processamento Sensorial pode ter um ou mais sistemas afetados e, para além disso, pode estar afetada a modulação, perceção/discriminação ou a praxis. 

A hiperresponsividade tátil pode resultar numa dificuldade em tolerar diferentes texturas dos alimentos, muito relacionado com a seletividade alimentar. Além da hiperresponsividade tátil, pode também existir uma hiperresponsividade gustativa e/ou olfativa, o que pode influenciar negativamente a aceitação de certos sabores, odores, texturas e temperatura de alimentos. Para além destas, pode também existir uma hiporresponsividade e problemas de perceção/discriminação tátil, olfativa e/ou gustativa e que tenha um impacto negativo na alimentação, geralmente, as crianças com estes problemas podem apresentar alguns comportamentos, tais como, encher demasiado a boca e ter preferência por alimentos com texturas, odores ou sabores fortes. Por último, também os problemas de praxis podem influenciar o momento da alimentação, sobretudo ao nível do planeamento e execução motora, observáveis nos processos motores envolvidos na alimentação, entre os quais, mastigação, deglutição, respiração, entre outros.